Apostas esportivas geram R$ 3 bilhões em patrocínios e publicidade no futebol brasileiro

O segmento de apostas esportivas é reconhecido pela sua grande receita, é estimado que o mercado de apostas esportivas movimenta cerca de 100 bilhões de reais por ano no país. Apesar do grande valor movimentado pelo mercado de apostas, o setor continua sem regulamentação, é previsto que a MP (Medida Provisória) seja enviada ao Congresso nos próximos meses.

As casas de apostas esportivas estão autorizadas a atuar no Brasil desde 2018. Após a sanção da lei 13.756, pelo então Presidente da República Michel Temer, a lei previa um prazo de até 2 anos para que houvesse a regulamentação do setor de apostas no Brasil.

Na coluna de Rodrigo Mattos, no UOL, foi publicado um artigo que retrata o tamanho do segmento nos patrocínios e publicidades. Confira abaixo o texto na íntegra!


Apostas esportivas geram R$ 3 bilhões em patrocínios e publicidade

No início de 2023, as apostas em jogos de futebol viraram tema para o governo federal que prepara uma regulação para os sites e operações. Em paralelo, o Ministério Público de Goiás descobriu um esquema de manipulação de lances e resultados que atingiu o Brasileiros das Séries A e B.

Os dois temas geram preocupação em clubes e na CBF. Explica-se: o segmento de sites de apostas tornou-se relevante como fonte de receitas do futebol.

A estimativa é de que o setor invista R$ 3 bilhões em patrocínios e publicidade por ano, entre camisas de times, placas de campeonatos e espaços na mídia (televisões, sites, vídeos de youtube). O número é do governo federal que levantou dados sobre o tema para regula-lo.

Em campeonatos nacionais e estaduais, o segmento de apostas esportivas tornou-se o principal investidor em placas. Os próprios campeonatos da CBF como a Copa do Brasil têm o naming rights vendidos para a casa de apostas.

A avaliação na cúpula da CBF é de que o problema de manipulação de apostas foi gerado pela demora do governo federal em regular o setor. A lei que legalizou as apostas esportivas é de 2018, mas o governo de Jair Bolsonaro não fez a regulamentação do setor. Na visão da CBF, isso causou o problema atual.

Os próprios clubes foram ao Ministério da Economia para falar sobre a regulação de apostas pelo medo de as novas regras afetarem suas receitas. A principal preocupação é em relação aos patrocínios. Ou seja, não haveria chance de uma restrição de patrocínios, como feito na Premier League, quando boa parte dos espaços masters de camisas é ocupado por casas de apostas.

A CBF contrata a empresa de auditoria Sports Radar para monitorar as apostas e identificar possíveis irregularidades. Relatórios são enviados a órgãos de investigação públicos e ao STJD. Mas membros da Justiça Desportiva entendem que os relatórios são pouco consistentes para iniciar investigações, que necessitam do poder de polícia para avançar em apurações.

Casas de apostas ressaltam que são prejudicadas pela manipulação de apostas, afinal, perdem dinheiro. Apostas em cartões amarelos, escanteios ou pênaltis – populares nos sites – são alvos fáceis de gerar esquemas, mais do que alterar placares, vitórias e derrotas.

A exposição da extensão do esquema de manipulação de jogos gera um dilema para o futebol. Governo federal, a CBF, os clubes e a mídia inteira perdem com qualquer restrição de patrocínios aos sites de apostas que turbinam o setor esportivo. Ao mesmo tempo, se a manipulação de jogos não for contida, o futebol brasileiro está ameaçado pela perda de credibilidade com o público.

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