Presidente do Vila Nova defende limitação de apostas aos resultados dos jogos

Durante a primeira audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre manipulação de resultados no futebol, os participantes do debate enfatizaram a necessidade de medidas legais para combater esse tipo de crime. Hugo Jorge Bravo, presidente do Vila Nova Futebol Clube e o primeiro a denunciar os esquemas fraudulentos ao Ministério Público de Goiás (MP-GO), destacou a importância da criação de delegacias especializadas na investigação de crimes esportivos.

O dirigente também defendeu que a legislação proíba apostas em eventos específicos dentro das partidas, como cartões amarelos ou vermelhos e pênaltis. Para Bravo, as apostas devem se limitar apenas ao resultado final dos jogos. Além disso, ele argumentou que campeonatos menores e de pouca relevância, como os sub-17 ou sub-20, não deveriam ser objeto de apostas.

Hugo Bravo afirmou: “É importante que os senhores tenham uma sensibilidade de restringir alguns eventos que são objeto de apostas. Nós não podemos imaginar que um campeonato sub-20 do Acre seja objeto de apostas de pessoas que estão em qualquer lugar do mundo, nós não podemos imaginar que cartões amarelos possam ser objeto de aposta, nós não podemos imaginar que pênalti no primeiro tempo pode ser objeto de aposta, porque toda e qualquer ação individual vai facilitar a corrupção”.

O procurador-geral de Justiça do Ministério Público de Goiás, Cyro Terra Peres, responsável pela investigação das fraudes nas apostas em partidas de futebol, também ressaltou a necessidade de criar mecanismos para que clubes, federações e confederações atuem de forma preventiva contra esses esquemas. Ele defendeu a criação de canais para receber denúncias, que posteriormente seriam encaminhadas aos órgãos oficiais de investigação.

Fernando Cesconetto, promotor de Justiça do Ministério Público de Goiás, envolvido na investigação do esquema de manipulação, concordou que a falta de regulamentação prejudica as ações dos órgãos de investigação. Ele ressaltou que a solução para as fraudes não pode depender de iniciativas isoladas, como a denúncia de um presidente de clube, mas sim da criação de regras para que clubes e federações recebam e encaminhem denúncias, estabelecendo responsabilidades claras para cada uma dessas entidades.

Presidente do Vila Nova Futebol Clube de Goiás, Hugo Jorge Bravo


Resultados

O deputado Felipe Carreras (PSB-PE), relator da CPI, afirmou que o Legislativo foi desafiado a unir esforços com o Ministério Público de Goiás e outras instituições para investigar as fraudes no futebol e encontrar maneiras de prevenir crimes futuros. Ele ressaltou a importância cultural do futebol no Brasil e destacou que as fraudes colocam em dúvida a credibilidade dos campeonatos atuais e passados.

Carreras assegurou: “Essa CPI não vai terminar em pizza, pode escrever e cobrar. Ela vai dar resultado punitivo, para dar exemplo, e também de forma educativa, para termos uma legislação que venha proteger talvez um dos maiores patrimônios do povo brasileiro, que é o seu futebol”.

Tanto o presidente do Vila Nova quanto os investigadores de Goiás enfatizaram que, até o momento, as investigações estão limitadas a casos isolados e não comprometem os campeonatos de futebol.

O procurador Cyro Terra afirmou categoricamente que não há evidências de envolvimento de dirigentes de clubes ou árbitros nos esquemas fraudulentos

As casas de apostas também foram vítimas das organizações criminosas. O procurador Fernando Cesconetto explicou que foram detectadas apostas no valor de R$ 500 mil, em que os apostadores receberiam mais de R$ 2 milhões em uma rodada de jogos. A diferença seria paga pelas casas de apostas, que, portanto, foram prejudicadas pelo esquema.

Cesconetto esclareceu que as investigações do Ministério Público de Goiás se restringem a jogos ocorridos a partir do segundo semestre do ano passado. Até o momento, 13 membros da organização criminosa e 24 atletas foram denunciados. Foram identificadas manipulações de resultados em oito partidas da Série A e cinco partidas da Série B do Campeonato Brasileiro em 2022. A quadrilha também interferiu em quatro jogos de campeonatos estaduais em 2023.

Requerimento

Devido ao tempo limitado, os deputados da comissão de inquérito aprovaram apenas um requerimento dos 13 que estavam previstos. Foi acatada apenas a convocação do presidente da Associação Brasileira de Apostas Esportivas, Rodrigo Alves. Entretanto não foi divulgada a data da próxima reunião da CPI.

Últimas Notícias

Relacionados