Na manhã desta quinta-feira (20), o Conselho Deliberativo do Atlético-MG deu início à votação que pode aprovar a criação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). O presidente do clube associativo, Sérgio Coelho, ao chegar à sede em Belo Horizonte, no bairro de Lourdes, defendeu veementemente o novo modelo de gestão e respondeu aos questionamentos levantados sobre o projeto.
Essa votação acontece após um pedido de ação cautelar feito na Justiça pelo conselheiro benemérito Paulo Nehmy na última terça-feira (18) para tentar adiar a decisão do Conselho Deliberativo. O pedido foi indeferido e, na noite seguinte, na quarta-feira (19), alguns torcedores manifestaram-se em frente à sede de Lourdes, solicitando mais detalhes sobre a criação da SAF.
Sérgio Coelho argumentou que, dada a dívida de R$ 1,8 bilhão e os altos juros impostos pelas instituições bancárias, a SAF é a única opção viável para tornar o Atlético-MG competitivo nos próximos anos. Ele enfatizou que o modelo associativo esgotou suas possibilidades de resolver o passivo, mesmo com o auxílio de empréstimos e avais dos quatro empresários que fazem parte da gestão: Rubens Menin, Rafael Menin, Renato Salvador e Ricardo Guimarães “os 4 R’s“.
O presidente desafiou os opositores a apresentarem uma proposta melhor, sugerindo que, se trouxessem R$ 900 milhões para quitar os empréstimos e avais dos 4 R’s, eles assumiriam o controle do Atlético-MG, e sua gestão seria encerrada. Sérgio Coelho ressaltou que a manifestação dos torcedores é democrática, mas ressaltou que a decisão não depende apenas da vontade da torcida e que existem outras questões envolvidas.
A diretoria do Atlético-MG divulgou um documento ao Conselho Deliberativo para esclarecer o projeto. Nele, é explicado que os 4 R’s se tornarão os sócios majoritários da SAF por meio da Galo Holding, após consultas a mais de 100 investidores para garantir o aporte financeiro. O documento aponta o alto endividamento do clube e a falta de segurança jurídica como os principais obstáculos para a venda a um grupo externo.
Quanto à operação financeira, o documento esclarece que o Atlético-MG foi avaliado em R$ 2,1 bilhões, e a SAF assumiria a dívida atual do clube, estimada em R$ 1,8 bilhão. O aporte total da operação seria de R$ 913 milhões, com R$ 313 milhões sendo a conversão de dívida com os 4 R’s e R$ 600 milhões representando injeção de capital novo, incluindo R$ 400 milhões dos 4 R’s e outros R$ 200 milhões de dois fundos de investimentos, cada um com R$ 100 milhões.
Sérgio Coelho alertou que as dívidas onerosas, com juros elevados, precisam ser pagas o mais rápido possível para evitar o crescimento acelerado do passivo, justificando assim a criação da SAF.
A votação para a venda de 75% da SAF para o grupo Galo Holding estará aberta até as 18h desta sexta-feira (21). Para que a venda seja aprovada, é necessário que dois terços (280 membros) dos 420 conselheiros votem a favor. A votação ocorrerá de forma presencial na sede do clube em Lourdes, Belo Horizonte, e também de maneira online.
Fonte: CNN Brasil
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