O presidente Lula (PT) afirmou, em entrevista durante agenda na capital baiana nesta quinta-feira (17), que, se a regulamentação das empresas de apostas esportivas, as chamadas “bets”, não der certo, o governo poderá proibir a operação do setor no Brasil.
“Nós vamos ver se a regulação dá conta. Se a regulação der conta, o problema está resolvido. Se não der, eu acabo. Que fique bem claro. Você não tem controle sobre o povo mais humilde, sobre crianças com celular na mão fazendo aposta. Nós não queremos isso“, declarou à Rádio Metrópole, de Salvador.
No início de outubro, o presidente já havia sugerido a possibilidade de proibição das apostas esportivas no Brasil, caso as novas regras não fossem eficazes em combater o vício em jogos online.
“Eu não terei nenhuma dúvida em acabar definitivamente com isso”, afirmou Lula em 6 de outubro.
As declarações do presidente ocorrem em meio a investigações de possíveis esquemas de lavagem de dinheiro envolvendo empresas de apostas esportivas, conduzidas pela Polícia Civil.
Levantamento do Banco Central aponta que, nos primeiros oito meses de 2024, os brasileiros movimentaram cerca de R$ 20 bilhões por mês em apostas online. Entre esses valores, mais de R$ 3 bilhões foram apostados só em agosto por beneficiários do programa Bolsa Família.
Na ocasião, Lula afirmou que não admite a ideia de beneficiários do Bolsa Família usarem o valor recebido para apostar em casas de apostas. “Nós não aceitamos a ideia de que o pessoal do Bolsa Família está gastando dinheiro em apostas. Não é possível que alguém esteja fazendo isso”, disse Lula.
Regulamentação
Em setembro, o Ministério da Fazenda determinou que as casas de apostas que desejam continuar operando no Brasil deveriam apresentar o pedido de credenciamento até 30 de setembro de 2024. Caso contrário, não poderiam operar no país a partir de 11 de outubro, quando a Anatel iniciou o bloqueio dessas operações.
Ao todo, 98 empresas, que operam 215 bets, estão autorizadas a operar nacionalmente até dezembro. Outras 26 podem operar regionalmente por meio das autarquias lotéricas estaduais.