A Associação Holandesa de Saúde Mental e Dependência (De Nederlandse ggz) solicitou ao governo uma proibição total de anúncios de jogos de azar online, alertando que essa prática representa uma ameaça significativa para jovens e pessoas suscetíveis ao vício.
Desde julho, o governo holandês já restringiu grande parte da publicidade de jogos de azar em mídias como TV, rádio, mídia impressa e espaços públicos. Porém, ainda é permitido o uso de anúncios direcionados em plataformas de streaming, redes sociais, e-mails e jogos online, desde que sejam impedidos de atingir menores de idade.
Apesar de pressões adicionais para ampliar a proibição, como a proposta do parlamentar Derk Boswijk, do Christian Democratic Appeal (CDA), o governo tem mantido a regulamentação atual. No entanto, o De Nederlandse ggz pede uma restrição total, preocupada com o impacto potencialmente nocivo aos jovens.
Ruth Peetoom, presidente da associação, ressalta a vulnerabilidade dos jovens ao vício e afirma: “Quanto mais normalizado o jogo se torna para os jovens, maior é a probabilidade de problemas futuros.” Dados do regulador KSA revelam que, no segundo semestre de 2023, 22% das contas de jogos de azar online no país eram de jovens entre 18 e 23 anos.
Além disso, o De Nederlandse ggz apontou um aumento no número de pessoas em tratamento para vício em jogos de azar na Holanda, com 2.456 pessoas buscando ajuda em 2023, conforme registros do banco de dados nacional de álcool e drogas, LADIS.
Preocupações com Publicidade Direcionada a Jovens
Peetoom destacou uma pesquisa do Pointer, da emissora KRO-NCRV, que sugere que operadoras estão tentando atrair o público jovem por meio de plataformas como TikTok e Snapchat. Algumas dessas empresas estariam utilizando influenciadores e celebridades para promover o conceito de “dinheiro grátis”, desconsiderando uma norma vigente desde 2022 que proíbe o uso de modelos de comportamento em publicidade de apostas.
Peetoom alerta que tais práticas facilitam o envolvimento com apostas e ampliam o risco de problemas de saúde mental para jovens. “O vício em jogos frequentemente acompanha dificuldades financeiras, perda de sono e outras vulnerabilidades emocionais”, afirmou.
Ela ainda compara a tática com a indústria do tabaco: “Os jovens são sensíveis a estímulos como ‘dinheiro fácil’ e são influenciados por modelos de comportamento. Quanto mais cedo eles veem o jogo como algo normal, maiores são as chances de desenvolverem um vício problemático no futuro.”
Defesa pelo Fortalecimento das Medidas de Proteção ao Consumidor
Peetoom também defende uma fiscalização mais rigorosa por parte do regulador Kansspelautoriteit e exige que as operadoras de apostas reforcem seus sistemas de proteção aos usuários. “As regras de cuidado das operadoras de jogos de azar devem ser mais rígidas”, conclui. “A supervisão precisa melhorar para que o setor de apostas online priorize o bem-estar dos consumidores.”