O presidente do Comitê de Integridade da Federação Paulista de Futebol, Paulo Schimitt, sugeriu a criação de um órgão especializado junto à CBF para julgar casos relacionados a apostas esportivas. Ex-procurador do STJD entre 2006 e 2016, Schimitt também fez cobranças aos jogadores em meio aos escândalos de manipulação de resultados no futebol brasileiro.
As declarações foram dadas durante uma entrevista ao Globo Esporte Paraná. Schimitt destacou a necessidade de criação de um órgão especializado no assunto:“É um tema que merece órgãos especializados, porque não é possível que nós tenhamos casos identificados ou iniciando processos de julgamento mais de um ano depois”, disse.
O ex-procurador do STJD sugeriu a criação de um comitê arbitral vinculado à CBF, mas independente e exclusivo nas cláusulas, ou composto por eleição. Schimitt explicou que órgãos desse tipo já existem em outras entidades esportivas, como o Comitê de Defesa do Jogo Limpo, vinculado ao COB. “Estou cada vez mais convencido de que Justiça Desportiva comum não deve processar e julgar tais casos”, afirmou.
Desde a Operação Penalidade Máxima, deflagrada no ano passado, outros casos de manipulação de resultados associados a apostas esportivas vieram à tona. Um dos mais recentes envolve o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, investigado pela Polícia Federal. O jogador nega as acusações e afirma ser inocente.
Cuidados e Responsabilidades
Schimitt avalia que o Brasil tem avançado, ainda que de forma tímida, para evitar esses problemas. Ele cita o caso da “Máfia do Apito”, de 2005, envolvendo o ex-árbitro Edilson Pereira de Carvalho, como o passo inicial para essa evolução. Além disso, destaca a recente regulação das bets, feita pelo Governo Federal.
No entanto, o ex-procurador do STJD afirma que ainda é necessário implementar ações práticas para coibir esses esquemas. “É preciso que a gente trate esse problema no ponto de vista de proteção do futebol”, diz.
Schimitt reforçou a importância de os jogadores e seus familiares respeitarem as regras sobre apostas. Ele destacou que é proibido apostar em jogos nos quais estejam envolvidos e alertou para os riscos da prática. “É preciso proteger o atleta honesto. É preciso dizer pra ele com todas as letras que desse tipo de aposta ele só sai muito ameaçado, punido desportivamente e criminalmente, e até morto, não só ele como todo entorno”, declarou.
Schimitt também lamentou a ausência do Brasil na Convenção de Macolin, um importante tratado internacional para combater a manipulação de competições esportivas. Segundo ele, o país precisa trabalhar em três grandes frentes: regulação, educação e inteligência, investigação e responsabilização de casos.
Fonte: ge