ANJL afirma que ‘supertributação’ das bets deve gerar perda de arrecadação bilionária

A Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) enviou no domingo (8) a lideranças do Congresso um documento em que critica a proposta do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de elevar a tributação sobre as casas de apostas online, as chamadas bets.

O parecer, produzido pela associação, afirma que o aumento da soma das alíquotas de tributos cobrados sobre as empresas não deve “produzir efeitos significativos em 2025”.

A ANJL diz, ainda, que a proposta poderá levar a um aumento de plataformas clandestinas e a uma disputa jurídica.

A sugestão de aumentar a taxação das bets foi apresentada por Haddad a líderes e à cúpula do Congresso na noite de domingo. A medida faz parte de um pacote, planejado pela Fazenda, para compensar a “recalibragem” do decreto que elevou as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Taxação Bets
Foto: Reprodução/YouTube

Segundo Haddad, serão revistos os percentuais definidos do IOF para algumas operações. As perdas serão compensadas por uma medida provisória, que será editada para elevar a arrecadação dos cofres públicos.

No caso das casas de apostas, a proposta do governo é que haja um aumento da alíquota cobrada sobre o faturamento das empresas.

Hoje, as bets pagam 12% sobre a arrecadação — já descontados os prêmios pagos aos vencedores e o Imposto de Renda. De acordo com o ministro da Fazenda, o percentual subiria para 18%.

O parecer, enviado pela ANJL também aos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), argumenta que a medida pode ter alcance limitado e gerar uma baixa arrecadação.

“Provavelmente não deve produzir efeitos significativos em 2025. Estimativas preliminares indicam que o impacto mensal da elevação de alíquota seria da ordem de R$ 170 milhões, com impacto máximo em 2025 de R$ 680 milhões”, diz o documento.

A associação defende, ainda, que o governo opte por enfrentar a “informalidade” no setor de jogos online. Bets irregulares, segundo estimativas da ANJL, podem elevar a arrecadação em até R$ 8 bilhões.

Bets
Foto: Zanone Fraissat/Folhapress

Clandestinidade

O documento da associação afirma que o aumento da tributação pode impulsiona plataformas irregulares de apostas.

Segundo a ANJL, as mudanças podem impactar os pedidos de autorização de operação. Eventuais desistências de casas de apostas do processo regulatório, de acordo com a entidade, poderiam levar a uma perda de R$ 2,8 bilhões.

A ANJL sustenta também que, em setores como o de apostas, o aumento de tributação pode “estimular a migração de operadores e usuários para plataformas não licenciadas, comprometendo a eficácia da arrecadação e ampliando a informalidade”.

“Em outras palavras, mesmo que a base projetada parta de um GGR compatível com os dados reais do setor, não é possível assegurar que a arrecadação evoluirá de forma proporcional à elevação da alíquota, uma vez que a reação dos agentes econômicos pode neutralizar — ou até reverter — o ganho fiscal estimado”, afirma.

Disputa jurídica

O presidente da ANJL, Plínio Lemos Jorge, afirma que, caso a proposta do governo avance, o setor pode questionar a alteração judicialmente.

“Mudar as condições de regulamentação que já tinham sido estabelecidas permite a contestação judicial, uma vez que o equilíbrio econômico- financeiro dos contratos não se equaciona da forma como foram assinados”, diz.

Fonte: g1

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