Em junho, o Google anunciou a liberação de aplicativos de casas de apostas na Play Store, loja de apps oficial dos aparelhos do sistema operacional Android. Para oferecer serviços no local, as empresas de betting, as chamadas bets, devem comprovar licenciamento junto à Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda. Grandes companhias do setor, como Betnacional, Superbet, 7K, Cassino e EstrelaBet, anunciaram sobre a disponibilidade do serviço nos últimos dias.
A presença de casas de apostas nos aplicativos de celulares é uma demanda antiga do setor de betting. Apostas esportivas, loterias, corridas de cavalo, entre outros jogos ligados ao segmento estão liberados. Para realizar anúncios no Google Ads, as companhias devem ser regulamentadas pela SPA.
“O lançamento dos aplicativos legais de apostas esportivas para celulares é algo positivo para a expansão do mercado responsável. Trata-se de uma medida que contribui para o combate às empresas irregulares, uma vez que apenas os operadores regulamentados podem ser consumidos na Play Store”, afirma Bernardo Cavalcanti Freire, sócio do Betlaw, escritório de advocacia especializado no ramo de betting.
De acordo com dados da SimilarWeb, em 2025, as plataformas de apostas esportivas estão na segunda posição em acessos na internet brasileira. As empresas do ramo de betting ultrapassaram gigantes da tecnologia, como Facebook, YouTube, WhatsApp, X (antigo Twitter) e ficam atrás apenas do Google, site que soma 4,9 bilhões de visitas.
“O lançamento dos aplicativos das empresas regulamentadas é um avanço para o setor de apostas no Brasil. É uma medida importante para os players do mercado, que deve abrir um público ainda maior para o segmento, além de melhorar a experiência dos clientes que já consomem esse tipo de serviço no Brasil”, afirma Alex Rose, CEO da InPlaySoft, empresa internacional que trabalha diretamente na criação e desenvolvimento de plataformas para operadores de cassinos e apostas esportivas.

Em maio de 2025, no Brasil, os sites das bets ultrapassaram a marca de 2,7 bilhões de acessos. No total, mais de 68 milhões de acessos por dia foram registrados nas plataformas. Quando a regulamentação das bets entrou em vigor, em janeiro deste ano, o país apresentava 55 milhões de visitas por dia.
Cerca de 67% dos consumidores de apostas esportivas acessam as casas de apostas de maneira direta, digitando o nome do site no navegador. Neste cenário, os apostadores acessam o portal sem passar por buscas ou mídias digitais. As procuras orgânicas apresentam cerca de 14% dos acessos para as empresas do ramo de betting.
As marcas 7K, patrocinadora de Santos, Vitória e Mirassol, e Cassino, patrocinadora do Fortaleza, também lançaram recentemente seus apps na Google Play. De acordo com Talita Lacerda, Diretora de Operações da Ana Gaming – grupo que gere essas duas empresas, a entrada dos aplicativos na loja oficial representa um avanço estratégico em segurança, regulamentação e experiência do usuário.
“Estar na Play Store vai além da praticidade. É um movimento alinhado às diretrizes do mercado regulado, que garante ao cliente um ambiente seguro, verificado e em conformidade. A nova política do Google é um divisor de águas para o setor — e as empresas sérias, como as do Grupo Ana Gaming, estão prontas para liderar esse novo momento”, afirma a executiva.
Talita também reforça o papel da iniciativa no enfrentamento ao mercado ilegal. “O app oficial é uma barreira direta contra versões não autorizadas, clones e práticas fraudulentas. Quando o usuário baixa nosso aplicativo na loja oficial, ele tem a certeza de estar protegido — seus dados, sua conta e sua experiência. Seguimos firmes no compromisso de oferecer um entretenimento seguro, responsável e 100% em linha com a regulamentação vigente”, conclui a diretora.
Neste momento, no Brasil, mais de 200 sites estão regulamentados e podem ter até três domínios. Para receber o selo de autorização, as companhias tiveram que pagar uma outorga de R$ 30 milhões (válida por cinco anos) para o governo brasileiro. No total, mais de 11 mil sites ilegais já foram derrubados pela fiscalização nacional, entretanto, o problema com as casas de apostas irregulares ainda é um desafio encontrado pelo país.Para facilitar o entendimento do público, o governo nacional implementou critérios objetivos para a identificação dos sites seguros. De acordo com a Secretaria de Prêmios e Apostas, as empresas regulamentadas precisam usar o domínio “.bet.br”, com reconhecimento facial para que menores de 18 anos não tenham acesso, além de limites para perdas financeiras e transações apenas via Pix e débito na conta do titular.

Nesse cenário, a EstrelaBet optou por ouvir os jogadores para entender como integrar todos os serviços — jogos, pagamentos, atendimento e segurança — de forma fluida em um aplicativo completo. Antes de efetivar o lançamento, a gamingtech brasileira realizou vários testes para garantir que o novo produto reunisse de forma integral as funcionalidades da plataforma em uma interface leve, simples e intuitiva. No app, é possível acessar todas as opções de entretenimento da empresa, como milhares de eventos esportivos por dia, jogos de cassino e transmissões ao vivo de diversas modalidades.
“O app materializa nossa visão de inovação a serviço do jogador. É um dos projetos que mostram como usamos a tecnologia para entregar entretenimento com qualidade, segurança e responsabilidade. Queremos estar onde o público está, oferecendo uma experiência sólida, simples, intuitiva e que funcione num instante”, pontua João Gerçossimo, CEO da EstrelaBet.
Com forte investimento no marketing esportivo e presença constante em conteúdos de influenciadores, o ticket médio registrado nas plataformas de apostas esportivas é de R$ 61 e mais de 90% dos depósitos inferiores a R$ 100, com menos de 1% das transações ultrapassando R$ 1 mil. No total, em média, os operadores movimentam até R$ 30 bilhões por mês.
“A liberação no Google dos aplicativos das casas de apostas esportivas para celular é algo que contribui para a expansão do mercado de betting no país. Por conta da parceria dos principais clubes do futebol brasileiro com empresas do segmento de apostas, acredito que, diretamente ou indiretamente, trata-se de uma medida que irá beneficiar o esporte nacional. Caso o montante seja investido da maneira correta, a tendência é que tenhamos competições e times cada vez mais desenvolvidos”, conclui Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports.