A Câmara Municipal de Belo Horizonte realiza, nesta terça-feira (26), uma audiência pública para discutir os impactos da ludopatia — transtorno caracterizado pela compulsão em jogos de azar. O encontro, marcado para as 10h no Plenário Camil Caram, poderá ser acompanhado presencialmente ou pelo portal e canal do Legislativo no YouTube.
De acordo com o requerimento, assinado pelo vereador Edmar Branco (PCdoB) e mais cinco parlamentares, o fácil acesso às plataformas de apostas online, aliado a estratégias agressivas de publicidade e à ausência de uma regulamentação mais rígida, tem ampliado a exposição da população a práticas de jogo consideradas “abusivas e compulsivas”.
Além de Branco, também assinam a proposta Flávia Borja (DC), Iza Lourença (Psol), Juhlia Santos (Psol), Luiza Dulci (PT) e Wagner Ferreira (PV). Os vereadores alegam que o vício em apostas, popularmente conhecidas como “bets”, tem provocado aumento de casos de depressão, ansiedade, endividamento e desestruturação de vínculos familiares.

Em Belo Horizonte, o Hospital Espírita André Luiz, referência no tratamento de saúde mental e dependência química, registrou crescimento de 300% nos atendimentos relacionados à ludopatia. Pesquisa do Instituto DataSenado, divulgada em 2024, revelou que 13% dos brasileiros com 16 anos ou mais já apostaram em “bets” — cerca de 22 milhões de pessoas. O levantamento mostrou ainda que 58% dos apostadores tinham dívidas em atraso superiores a 90 dias.
Segundo os autores do requerimento, a audiência busca criar um espaço de diálogo entre gestores públicos, profissionais da saúde, pesquisadores, sociedade civil e familiares de pessoas afetadas, com o objetivo de encaminhar propostas para políticas de prevenção, diagnóstico precoce, acolhimento e tratamento.
“O debate permitirá avançar na formulação de medidas eficazes de prevenção, enfrentamento e tratamento, assim como na criação de marcos normativos e ações educativas que possam mitigar os impactos do vício em apostas sobre a população de Belo Horizonte”, afirmam os autores.
Foram convidados para a discussão representantes das Secretarias Municipal e Estadual de Saúde, dos Conselhos Regionais de Psicologia e Psiquiatria e coordenadores dos Centros de Referência em Saúde Mental das regionais do município.