As empresas de apostas esportivas e jogos online faturaram R$ 17,4 bilhões no Brasil entre janeiro e junho deste ano, segundo dados da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA). O levantamento, o primeiro desde a regulamentação do setor, mostra que 17,7 milhões de brasileiros participam das bets.
Os 17 bilhões, segundo o governo, representa o total de apostas, menos os prêmios pagos, o que pode ser indicado como o gasto efetivo dos apostadores no período. Os dados englobam as 78 empresas autorizadas pelo Ministério da Fazenda a operar no país, totalizando 182 bets (marcas).
Em entrevista ao C-Level Entrevista, videocast da Folha, o secretário Regis Dudena afirmou que a maioria dos apostadores é formada por homens (71,1%) e que cerca de metade tem até 30 anos. A média de gasto individual é de R$ 983 por semestre, aproximadamente R$ 164 mensais.
“A média não é preocupante. Se a gente pensar aí esses R$ 980 [semestrais], se não me engano dá R$ 160 mais ou menos por mês, como média. Isso não é preocupante”, disse.
O secretário destacou que a regulamentação foi fundamental para que o Estado recuperasse o controle sobre o setor, após um período de expansão sem fiscalização entre 2019 e 2022.
“O descontrole que houve de 2019 a 2022 é muito responsável por problemas que vivenciamos hoje. Nos cabe agora limpar a casa. A gente precisa resolver essa bagunça”, disse.

Na entrevista, Regis Dudena também abordou o tema da publicidade das apostas. Segundo ele, a exposição de marcas em estádios, camisas de clubes e programas de TV cumpre, neste momento, um papel importante para diferenciar as casas autorizadas das ilegais.
Ele admitiu que, no futuro, o governo pode impor limites maiores à participação de atletas, influenciadores e personalidades públicas em campanhas, caso sejam identificados excessos.
Segundo a SPA, os dados recebidos diariamente das empresas permitem monitorar depósitos, prêmios e movimentações, além de traçar o perfil dos jogadores. Dudena ressaltou ainda que as casas têm responsabilidade sobre o chamado “jogo responsável”, devendo oferecer mecanismos de autolimitação e até exclusão de apostadores em risco.
O governo também desenvolve ferramentas para impedir que beneficiários do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) façam depósitos em sites de apostas. Outra frente de atuação é o combate às plataformas ilegais, com bloqueio de sites e restrição de meios de pagamento.
Sobre possíveis riscos de inadimplência em larga escala, levantados por bancos e entidades do setor financeiro, Dudena afirmou que o governo acompanha de perto os impactos e rejeita a ideia de catástrofe.