PF deflagra operação e prende grupo ligado à lavagem de dinheiro por meio de criptoativos e bets

A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (14), a Operação Narco Bet, contra um grupo suspeito de lavagem de dinheiro vinculado ao tráfico internacional de drogas. Segundo as investigações da PF, o esquema era operado por meio de movimentações financeiras com criptoativos, remessas internacionais e a utilização de empresas ligadas ao setor de apostas, as “bets”.

A Polícia Federal informou que 11 pessoas foram presas na operação, incluindo o empresário Rodrigo de Paula Morgado, apontado como “operador logístico-financeiro” da organização, e o influenciador digital Bruno Alexssander Souza Silva, conhecido como Buzeira. Além deles, foram detidos Tacio Costa, o T10; Ingrid Ohara, influenciadora e esposa de T10; e Rodrigo Morgado, empresário e operador financeiro do grupo.

Segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Morgado atuava como uma espécie de “banco particular” para os integrantes da quadrilha, concentrando transações milionárias em contas pessoais, empresas próprias e de terceiros. As apurações indicam que mais de R$ 313 milhões circularam sob seu controle entre 2019 e 2024. Parte dos valores foi convertida em criptomoedas, totalizando cerca de R$ 100 milhões, com movimentações incompatíveis com as declarações fiscais apresentadas.

Entre os mecanismos usados para dissimular os valores ilícitos estavam notas fiscais frias, contratos de “sócios ocultos” para ocultação patrimonial, criação de holdings e aquisição de empresas para obtenção de licenças de apostas online. Entre as plataformas de bets citadas estão a BRX.BET e a RICO.BET, associadas ao influenciador Buzeira.

Foto: Reprodução

“As investigações indicam que o grupo criminoso utilizava técnicas sofisticadas de lavagem de dinheiro, com movimentações financeiras em criptomoedas e remessas internacionais, voltadas à ocultação da origem ilícita dos valores e à dissimulação patrimonial”, explica a PF em nota à imprensa.

As empresas Evipes, NGX Holding, Infinity Serviços Administrativos e Buzeira Digital foram classificadas pela PF como núcleos de dissimulação de capitais ilícitos.

Ao todo 19 mandados de busca e apreensão foram cumpridos, para obter mais informações sobre a rede criminosa e capturar bens da organização criminosa. Os alvos estavam relacionados principalmente à contabilidade e nacionalização dos recursos.

Durante a operação, a Polícia Federal apreendeu bens e valores que somam mais de R$ 630 milhões, com o objetivo de descapitalizar a organização criminosa e garantir a reparação de danos. Entre os itens estão carros de luxo, aeronaves, jet-skis, relógios, dinheiro em espécie e imóveis de alto padrão.

Segundo o jornal O Globo, a Operação Narco Bet é um desdobramento da Operação Narco Vela, deflagrada em abril, após a apreensão de quatro toneladas de cocaína em um veleiro brasileiro pelas autoridades norte-americanas, na costa da África. A investigação contou com o apoio da Polícia Criminal Federal da Alemanha e revelou uma rede internacional de tráfico e lavagem de dinheiro.

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