Após cobranças do Palácio do Planalto, o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, deve apresentar ao presidente Lula, na próxima semana, os fundamentos do projeto que prevê a criação de uma plataforma própria de apostas online. A reunião deve ocorrer após o retorno de Lula da viagem à Ásia.
Nos bastidores, a Caixa argumenta que parte das apostas no país ocorre em sites estrangeiros, sem autorização para operar e sem recolhimento de impostos. A proposta, segundo interlocutores do banco, busca atrair esse público para um ambiente seguro e regulamentado, além de ampliar a arrecadação. O projeto foi aprovado pelo Ministério da Fazenda, que avaliou apenas aspectos técnicos e formais.
A instituição estima que a nova plataforma possa gerar R$ 2,5 bilhões em receitas já em 2026, primeiro ano de operação. O banco também sustenta que a entrada das bets no mercado reduziu em 50% a arrecadação das loterias, o que impactou as receitas do próprio governo — já que quase metade dos recursos obtidos com as loterias é destinada a programas públicos.

O plano da Caixa remonta a 2024, quando o lançamento chegou a ser cogitado para o primeiro semestre, mas foi adiado à espera da regulamentação do Ministério da Fazenda sobre o setor. Em entrevista ao Globo, Carlos Vieira confirmou que a expectativa é lançar a plataforma até o fim de novembro.
Durante viagem à Ásia, Lula demonstrou incômodo com a repercussão negativa do projeto, usado por parlamentares da oposição para criticar o governo. Procurado pelo Globo, o presidente da Caixa afirmou que só vai se pronunciar após a conversa com o presidente.
O tema ocorre em meio à decisão do governo de reenviar ao Congresso um novo projeto que amplia a taxação sobre apostas online e fintechs, dentro do esforço para reforçar a arrecadação federal.