O número de movimentações financeiras suspeitas envolvendo casas de apostas e apostadores reportadas ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mais que triplicou em 2025. Segundo dados obtidos pelo Estadão, as comunicações saltaram de 40 mil em 2024 para 140 mil até agosto deste ano.
O levantamento foi elaborado internamente pelo órgão de inteligência do governo para mapear atividades do setor, que ganhou protagonismo com a entrada em vigor do mercado regulado de apostas. Apesar da regulamentação, milhares de sites clandestinos continuam operando ilegalmente no país.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirmou que o início do novo mercado teve “impacto significativo” nas áreas de prevenção à lavagem de dinheiro (PLD) das instituições financeiras, que precisaram adaptar seus mecanismos de controle. Já as empresas de apostas alegam manter cooperação com o Coaf e a Febraban para aprimorar o monitoramento, mas apontam que parte do aumento das comunicações decorre da atuação de plataformas ilegais.
De acordo com o Coaf, as comunicações enviadas por bancos e outras instituições indicam indícios de movimentações atípicas, uso de “laranjas”, incompatibilidade entre valores movimentados e renda declarada, além de suspeitas de lavagem de dinheiro. O órgão repassa as informações à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal para subsidiar investigações.
Técnicos avaliam que o crescimento expressivo no número de reportes é positivo, pois amplia o volume de dados disponíveis para investigações. O desafio agora, afirmam, é qualificar as comunicações — tornando-as mais precisas e menos redundantes.
A Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) destacou que o aumento reflete a fase de adaptação de bancos e empresas a um mercado recém-regulado. Segundo o diretor jurídico da entidade, Pietro Cardia Lorenzoni, “essa curva de amadurecimento vai fazer com que tenhamos menos comunicações, mas com mais qualidade”. Ele também alertou para a expansão das bets clandestinas, que “não seguem exigências legais nem controles de prevenção a crimes financeiros”.
Nota da Redação:
O aumento das comunicações de movimentações atípicas enviadas ao Coaf em 2025 deve ser interpretado considerando o novo ambiente regulatório de apostas no Brasil.
A partir deste ano, operadores licenciados passaram a ter obrigação formal de reportar transações suspeitas, seguindo protocolos específicos de prevenção à lavagem de dinheiro.
Em 2024, quando o mercado ainda não era regulado, não havia critérios padronizados nem abrangência completa desse monitoramento. Assim, a comparação direta entre os dois períodos não possui equivalência estatística, uma vez que os modelos de reporte são diferentes.
A Gaming365 mantém a republicação do conteúdo original, mas acrescenta esta contextualização em respeito à clareza e precisão das informações.