IBJR denuncia que Cide-Bets favorece crime organizado e ameaça mercado regulado com retroatividade de 5 anos

O Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) publicou uma nota dura nesta quarta-feira (10) condenando a aprovação da Cide-Bets na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. A entidade alerta que o novo imposto sobre depósitos e a possível cobrança retroativa de cinco anos podem gerar um efeito devastador sobre o mercado regulado de apostas esportivas no Brasil — enquanto fortalecem diretamente plataformas clandestinas ligadas ao crime organizado.


Cide-Bets cria vantagem ilegal e empurra apostadores para o mercado clandestino, diz IBJR

O ponto central da crítica: a Cide-Bets prevê 15% de tributação sobre o depósito do apostador, o que afeta exclusivamente operadores legalizados.

  • R$ 100 depositados viram R$ 85 em sites regulamentados
  • Em sites ilegais, R$ 100 continuam valendo R$ 100

Segundo o IBJR, trata-se de uma “vantagem competitiva inédita” entregue às casas clandestinas — muitas delas financiadas por facções criminosas, segundo relatórios recentes da PF e estudos mencionados pela entidade.

A medida, segundo o Instituto, estimula a migração massiva de apostadores para plataformas que não recolhem impostos, não seguem regras e não estão sob fiscalização.


Mercado ilegal já movimenta R$ 78 bilhões por ano no Brasil

De acordo com levantamento da LCA Consultoria, citado pelo IBJR:

  • 51% das plataformas de apostas que operam no Brasil são ilegais
  • O mercado clandestino movimenta até R$ 78 bilhões anuais
  • A maior parte dessa movimentação ocorre sem recolher impostos

Enquanto isso, o mercado regulado — responsável pelos outros 49% — tem previsão de recolher cerca de R$ 9 bilhões em tributos federais somente em 2025, além de ISS, PIS e COFINS.

Para o Instituto, jogar um novo tributo sobre o setor formal canibaliza a arrecadação existente e diminui o espaço das empresas autorizadas pelo Governo Federal.


Projeções “matematicamente impossíveis” derrubam justificativa econômica da Cide-Bets

O governo estima que a Cide-Bets gere R$ 30 bilhões por ano em arrecadação.

O IBJR afirma que a conta não fecha:

  • O setor regulado fatura cerca de R$ 36 bilhões
  • A projeção prevê arrecadar quase todo o faturamento das empresas, algo inviável

Para o Instituto, os números apresentados não têm base técnica e criam uma narrativa desconectada da realidade financeira do mercado.


Cobrança retroativa de 5 anos ameaça empregos e investimentos

Outro ponto levantado pelo IBJR é a possibilidade de cobrança retroativa de impostos referentes aos últimos cinco anos das casas regulamentadas.

A entidade destaca que:

  • A medida gera insegurança jurídica
  • Pode levar operadores já licenciados a deixar o Brasil
  • Ameaça empregos, investimentos e parcerias publicitárias
  • Prejudica o esforço recente de estruturação do mercado sob regulação federal
  • Envia ao exterior a mensagem de que o Brasil é um ambiente hostil para investimentos

IBJR: Cide-Bets fortalece facções, enfraquece o Estado e prejudica o apostador

O Instituto conclui que a combinação entre Cide-Bets e retroatividade pode:

  • reduzir a arrecadação real
  • favorecer organizações criminosas
  • prejudicar empresas formalizadas
  • empurrar apostadores para plataformas perigosas
  • comprometer a segurança pública
  • aumentar o mercado clandestino
  • destruir competitividade do setor regulado

O IBJR reforça que tributação deve ser equilibrada e alinhada a práticas internacionais, preservando o mercado legal — o único que gera empregos, impostos e segurança.

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